O tema " dois caminhos" repete-se por toda a parte. Não é para estranhar-mos, então, que apareça com frequência na Sagrada Escritura. Desde seus inicíos fala do Bem e do Mal, da Verdade e do Vício, do Prazer e da Dor. Heróis e Anti-heróis desfilam por aquelas páginas, e o povo escolhido o reza desde o Salmo primeiro. O evangelho de Mateus, por exemplo (26,6 e seguintes), narra o fato acontecido numa refeição em casa de Simão o leproso. Episódio curioso, para não dizer mais". Entra uma "mulher da vida", como dizem, prostra-se contrita aos pés de Jesus, banha-os com lágrimas, enxuga-os com os cabelos, unge-os com perfume. Era bastante conhecida do anfitrião. Se ele a conhecia por experiência própria ou por ouvir dizer, não sabemos. Sabemos apenas que era"uma figura". O fariseu escandaliza-se, julga o ilustre hóspede com desdém. Como podería ser mestre ou mesmo profeta, se não percebia o tipo de mulher que ali estava?!
Há muitas maneiras de ver as pessoas. Há quem fique chocado, estranhando, enojado, quase ofendido, ao encontrar figuras como aquela pelas ruas de nossas cidades. Elas não exercem a "profissão mais antiga do mundo", como equivocadamente se repete. São vítimas de uma sociedade corrupta e corruptora, acostumada a varrer para baixo do tapete o lixo de uma afetividade não trabalhada e mal resolvida. Há cristãos que não se lembra das palavras de Jesus, quando dizia que as prostitutas e os publicanos entrarão primeiro no Reino dos Céus. Esquecem que o Senhor "quer antes a misericórdia que o sacrifício", quer a compaixão e o amor generoso mais que encontrar pessoas "certinhas". Que diante dos chamados "justos" ele prefere os "pecadores". Estranho esse Deus, muito mais humano que todos nós juntos. Jesus dizia que há um só Pai, um só Mestre, um só Guia. Que todos nós somos "irmãos". A conclusão lógica é que devemos ver e amar a todos e todas sem distinção, sem preconceito, sem ares de superioridade. Ninguém é menos. Somos todos igualmente filhos e filhas, seja qual for a situação em que vivemos.
Precisamos todos de compreensão, de tolerância, de compaixão, de amor sincero. Mais ainda: precisamos de em tudo amar e servir, porque o verdadeiro amor se prova nas obras. Precisamos ter um olhar como o de Jesus, o bom pastor, que vai atrás das ovelhas perdidas e dá sua vida por elas. Ou, ao menos, ouvir Moisés: <<Tomo hoje por testemunhas contra vós o céu e a terra; ponho diante de vós a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe a vida para viveres, tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a Ele, porque Ele é a tua vida e prolongará os teus dias para habitar na terra, que o Senhor jurou que havia de dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacob>> ( Dt 30 ).
Angela Maria
Matrimônio
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